Após anos produzindo modelos da Fiat sob licença, a Simca estreou projeto próprio com sua bem-sucedida "andorinha"
Aronde significa andorinha em francês. Um nome gracioso e coerente, inspirado no logotipo da Simca da época e que também simbolizava o primeiro voo da marca francesa desgarrada da revoada de projetos da Fiat que ela havia produzido sob licença desde 1934. Em 1951 era lançado o primeiro modelo dessa família, um sedã compacto. Na época, a indústria francesa produzia vários modelos projetados antes da Segunda Guerra, o que tornava a inovação do Simca ainda maior. O desenho moderno, de traços simples e três volumes, tinha um aspecto americanizado, embora parecidíssimo com o do Fiat 1400.
Ele tinha chassi monobloco e suspensão independente na frente, com braços sobrepostos e molas helicoidais. O motor 1.2 de 45 cv era o mesmo do Simca 8, um Fiat 508C "Nuova Balilla" feito sob licença pela Simca. Ele atuava em conjunto com um câmbio de quatro marchas. Além do sedã, havia uma perua e um cupê com carroceria Facel. Essa empresa logo ganharia renome ao produzir os sofisticados Facel-Vega HK 500, com motor V8 da Chrysler, e Facellia.
Em 1954, a linha Aronde ganhou outro cupê, mais próximo do sedã, chamado Grand Large. O motor virou 1.3 em 1955, rendendo 48 cv, e a grade e a traseira foram reestilizadas. Dois anos mais tarde, novas carrocerias Facel foram apresentadas. A Plein Ciel era um cupê hardtop, enquanto a Océane era um roadster. Ambos eram reconhecíveis pelo para-brisa envolvente e tiveram boa aceitação no Estados Unidos.
Para 1959, a Simca modificou bastante o Aronde. O novo desenho tinha frente mais baixa e janelas traseiras envolventes. Uma versão mais simples, a Étoile, contava com motor 1.1. No ano seguinte, aos feixes de molas traseiros foram acrescidas molas helicoidais. Os modelos 1961 já vinham com um motor 1.3 revisado que atingia 62 cv. É desse ano o Aronde Océane das fotos, parte de uma coleção paulista.
Nele encontra-se uma posição agradável ao volante, com banco largo e confortável. A ignição fica à esquerda, a seta acima da coluna, a buzina atrás do volante. Tudo diferente, mas é de fácil acesso. Instalada na coluna de direção, a alavanca de câmbio oferece engates imprecisos e duros. Por outro lado, o volante fino é leve de esterçar mesmo sem assistência. O motor 1.3 dá conta do recado sem sufoco nem ímpetos com ronco grave.
O Aronde duraria até 1964, substituído pelo Simca 1300/1500 após 1,4 milhão de unidades. Para se ter ideia da altura do voo dessa andorinha, ela foi a maior responsável por colocar a Simca em segundo no ranking de fabricantes franceses ao fim dos anos 50, atrás apenas da Renault.
Da 4rodas.
Por Fabiano Pereira | Fotos: Marco de Bari
Nenhum comentário:
Postar um comentário