Homenagem ao clássico desenho animado, ele resgatou a essência do muscle car americano
"Bip-bip"! Isso era tudo que o Papa-léguas dizia no desenho animado que levava seu nome. Era também o som da buzina do Plymouth Road Runner, nome original do personagem, que chegava a aparecer nos comerciais de TV do cupê. Lançado para 1968 e baseado no Belvedere, ele oferecia o apelo original dos muscle cars (segmento criado em 1964 com o Pontiac GTO), nível mais simples de itens de série e preço mais atraente. A ideia teve ótima recepção no mercado e na mídia, o que o levaria a faturar o cobiçado título de Carro do Ano da revista Motor Trend, em 1969.
O Road Runner 1968 era equipado com um motor V8 383 (6,3 litros), de carburador quádruplo e 335 cv, suficientes para ir de 0 a 96 km/h em 7,1 segundos. O chassi era reforçado e o câmbio manual tinha quatro marchas. O desenho era atual, com linhas mais retas, colunas traseiras largas e inclinadas, mas sem perder as colunas centrais. A ausência destas era privilégio de outro derivado do Belvedere, o GTX, mais requintado, que formava uma dupla com o Road Runner, mais esportivo. O desenho do personagem Papa-léguas aparecia na tampa do porta-malas, portas e painel. A carroceria hardtop chegou logo no meio do ano. Além de vários opcionais estéticos, havia o V8 Hemi de 425 cv, que acelerava de 0 a 100 km/h em 5,3 segundos.
Com a inclusão do conversível e o prêmio do Carro do Ano, o modelo 1969 levou alguns meses para oferecer também o V8 conhecido como "440+6", com três carburadores duplos e 390 cv. Em 1971 o desenho foi todo atualizado, ficando mais curvilíneo, e passou a existir só como cupê hardtop. O para-choque dianteiro contornava toda a frente e o traseiro incorporava as lanternas. O V8 383 regredia para 300 cv, mas o V8 340 opcional (5,6 litros) de 240 cv surgia como o primeiro motor de bloco pequeno do modelo. Em meio a restrições às emissões, os muscle cars perdiam pique.
O Road Runner 1972 das fotos pertence ao empresário paulista Maurino F. de Souza. Nele sobra espaço no banco dianteiro inteiriço e mole, mais adequado a um sedã familiar, e não faltam câmbio automático e direção hidráulica. Com um ronco encorpado, o V8 340 nem parece motor de bloco pequeno, apesar do seu carburador quádruplo. Seu principal atrativo são os 40 mkgf de torque, percebidos nas respostas rápidas. Em pisos irregulares, o cupê balança como num colchão. Em velocidades altas, essa maciez resulta em saídas de traseira.
O modelo ganhou reestilização mais simples no ano seguinte e desenho todo novo em 1975. A partir de 1976 seu nome passou a identificar um pacote de equipamentos do recém-lançado compacto Volaré. Seus V8 estavam longe da diversão da fase áurea dos muscle cars. Quando saiu de linha, em 1980, o Road Runner deixou a lembrança do Plymouth que resgatou o espírito dos muscle cars unindo baixo preço ao bom humor.
Por Fabiano Pereira | Fotos: Marco de Bari
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