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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Fusca: dos clássicos aos inusitados - 1º Encontro Nacional reuniu mais de 200 expositores em Barueri (SP)


Quem acordaria cedo em uma manhã de domingo com 8ºC? Apaixonados por Fusca, claro. E a cidade de Barueri, em São Paulo, estava repleta deles neste final de semana. Lá aconteceu o 1º Encontro Nacional de Fuscas, organizado pelo Alpha Classic, clube que conta com mais de 40 sócios. Autoesporte foi lá para garimpar histórias, designs e inovações entre os mais de 200 expositores e 500 participantes.

Logo na abertura, por volta das 9h, chamava atenção uma mulher que limpava seu Fusca com a ajuda dos dois filhos. Silvania Alencar se viu obrigada a mudar de carro quando passou por uma crise financeira. Sem muitas opções, escolheu o Fusca 1972 bege oferecido por um amigo. Nos primeiros momentos, os filhos Rebeca e Daniel não queriam que a mãe nem os levassem para escola, com receio de “preconceito” dos amigos. Mas juntos descobriram a paixão pelo carro que mesmo com 39 anos de uso, nunca os deixou na mão. “Hoje fazemos parte do Jandira clube e levamos nosso companheiro do dia a dia, a todas as exposições na região”, conta Silvania.

Quem também passou por uma crise financeira ao ver sua empresa falir foi o dono de uma barraca de miniaturas. Marcelo Paúra foi obrigado a vender a coleção de carrinhos Hot Wheels que seu filho tinha, mas encontrou no Fusca sua nova fonte de alegria e renda. Depois de faturar com os carrinhos do filho e sair do sufoco, encontrou um importador e hoje vive de vender miniaturas de fuscas e outros carros em encontros. “75% da minha clientela é formada por homens com mais de 40 anos, e tenho fiéis colecionadores com mais de 3.000 carros”, conta o comerciante.

Rafael Feito é outro dono de um lindo Fusca. Seu modelo é todo preto com detalhe vermelho, rebaixado e totalmente reestilizado por dentro. Há três anos ele tem o Fusca 1969 por puro hobby, além de outro que não levou à exposição. “Com motor alterado de 1.300 para 1.600 o Fusca ficou beberrão, faz 8 km por litro”.

Tem até quem goste muito de Fusca, mas não quer sair de casa. Mario Filiagi, de 62 anos, pede para seu empregado Paulo Roberto Lopes levar seu modelo “sem teto” para os encontros. Todo vermelho e brilhando de tão limpo, o clássico faz sucesso entre as crianças. E, segundo Paulo, foi por esse motivo que seu patrão comprou a carcaça do Fusca e resolveu montá-lo: para levar a neta pra passear. Só que agora a neta enjoou e quem se diverte com o visual diferente somos nós.

Do lado direito

Andar em um carro com volante no lado direito não é comum. E eu fiquei curiosíssima para saber como seria quando encontrei o Dr. Reinaldo Abraão e seu Fusca 1965. Não perdi a chance de descobrir como é dirigir em mão inglesa pelas ruas de Barueri! A experiência de manobrar e trocar de marcha com a mão esquerda é nova, mas não difícil. Para brincar com as pessoas, Abraão acenava pela janela esquerda. “Sai da frente, está sem volante!”, gritava, arrancado risadas de todos os que viam.

O carro foi adquirido em um leilão, só para convidados, na embaixada da África no Brasil. Ele veio por engano ao país na fuga de um integrante da embaixada brasileira. Com a documentação toda regular, só não pode passar por alterações. Pergunto ao dono se ele venderia. A resposta? “Só por uma boa causa”. Quando um deficiente quis comprar o carro por encontrar melhor mobilidade no volante do lado direito, o Sr. Reinaldo só vendeu com a condição que o carro voltasse pra ele quando não fosse mais útil. E assim foi feito.

Quando me sinto satisfeita com tantas histórias que ouvi, olho para um “fuzuê” e vejo uma Moto-Fusca. Isso mesmo, a parte de trás de um Fusca 1978 acoplado a uma moto. A inovação é do 1° Motoclube da Zona Oeste de São Paulo, com 19 anos de existência. Seu fundador, Cigano, conta que além do Fusca cortado também tem um Chevete.

"O mais é menos"

Essa é a frase usada para descrever o Fusca 1969 de Joaquim Pinto Nunes. Todo original, impressiona pelo estado em que se encontra. Não é a toa que sr. Joaquim tenha ganhado o prêmio do melhor Fusca da amostra. Quando seu sogro morreu, o carro ficou debaixo de uma lona por anos, até ele resolver cuidar da relíquia. De tão bem cuidado, o modelo ainda tem cheiro de Fusca novo. O dono diz que já ofereceram R$ 25 mil pelo Fusca, mas ele se recusa a vender. “Se o cachorro fizer 'xixi' no meu carro 2011 que tenho na garagem, eu não ligo. Mas brigo feio se for no Fuscão”, brinca.


Bem ao fundo da exposição, outro Fusca chamava a atenção de todos. Tratava-se do primeiro carro de Roberto Taraborelli, de 21 anos. O estudante de engenharia mecânica ganhou de seu pai, para cuidar. Mas quem olha tem a impressão de que ele não está obedecendo: o carro está todo enferrujado. Na verdade, o Fusca está em perfeito estado na parte mecânica e elétrica, tanto que o estudante mora em Bauru e andou 400 km para chegar ao encontro. “Eu gosto do carro desse jeito”. Quando pergunto se já teve problemas quando o assunto é meninas ele responde sorrindo: “Não!"









Por Nicole Azevedo // fotos: Rubens Mendes

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