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terça-feira, 19 de abril de 2011

Peugeot 408 vai para a pista






Sedã chega para brigar por uma fatia do segmento dominado por Civic e Corolla


Talvez tenha sido alguma daquelas famosas resoluções de Ano Novo. Mas o fato é que os franceses entraram em 2011 dispostos a não mais assistirem passivamente ao domínio de Civic e Corolla. Depois da Renault, que já está vendendo o (bom) Fluence, agora é a Peugeot que parte para a ofensiva. A marca está lançando o 408, um sedã de linhas elegantes, para enterrar de vez qualquer lembrança do 307 Sedan.

Nosso encontro foi no aeroporto de Bariloche, na Argentina. De lá, saímos para um roteiro de dois dias e cerca de 260 km pela Patagônia. O cenário do lado de fora era digno de folhinha de parede, mas a gente não estava ali para apreciar a beleza de Bariloche – por sinal, linda também na versão sem neve. Deixemos o turismo para depois, e vamos ao 408. O modelo chega em três versões: Allure (a partir de R$ 59.500), Feline (R$ 74.900) e Griffe (R$ 79.900, como a testada). A Allure é oferecida com câmbio manual ou automático. As outras duas vêm apenas com transmissão automática. Por enquanto, o único motor disponível é o 2.0 16V Flex, o mesmo de 307 e Citroën C4. No segundo semestre deve chegar o 1.6 turbo e o câmbio automático de seis marchas do 3008.


No quesito impressão visual, ele passa. A dianteira alia agressividade e elegância em dose certa. Os enormes faróis (xenônio na versão Griffe) e o emblema do leão dominam a frente. De lado, ele é imponente, por causa do comprimento (4,69 metros, 20 cm a mais que o Civic). De traseira, o estilo é clássico: não empolga tanto, mas é elegante. Lembra um pouco a traseira do 207 Passion, que por sua vez remete ao estilo do 607. Não é a última palavra em modernidade, mas não compromete o conjunto.

A elegância e o bom acabamento continuam do lado de dentro. O modelo tem câmbio automático de quatro marchas (vamos reclamar dele já, já), teto solar, GPS, controle de estabilidade, oito airbags (vamos criticar esse número já, já), bancos de couro com ajustes elétricos, sensores de estacionamento na frente e atrás, etc. O motor é o conhecido 2.0 16V Flex, de 151 cavalos com álcool e 143 cv com gasolina. Pelos meus registros, esta foi a primeira vez que testamos fora do país um carro com motor flex, e abastecido com gasolina brasileira (E22). Foi uma forma de tornar a avaliação mais “real”. É como se o teste estivesse sendo feito no Brasil – apesar dos picos nevados lá fora.

A primeira sensação é de conforto. O espaço é bom, idem para o acabamento. Com as regulagens elétricas do banco (Griffe), é fácil encontrar boa posição. Tirando alguns comandos que lembram os do 307 (teclas dos vidros, chave de ignição, controles do som no volante), muita coisa no 408 é nova. O painel é estiloso e tem superfície macia.

O isolamento acústico é bom, graças ao para-brisa produzido pela Saint-Gobain, com um novo tipo de lâmina plástica. Segundo a empresa, esse material (PVB, polivinil butirol) auxilia na redução de até cinco decibéis em ruídos de baixa frequência (gerados pelo motor) e em torno de oito dB em sons de alta frequência (gerados pelo vento).

A suspensão consegue aliar maciez e estabilidade. Absorveu muito bem trechos de asfalto ruim e transmitiu segurança nas curvas, sem muita inclinação de carroceria. A sensação é a de ter o carro “na mão” mesmo nas curvas rápidas. Colaboram as rodas aro 17 e os pneus 225/45, de série nas versões Griffe e Feline. A Allure vem com rodas aro 16 e pneus 205/55.

Esse balanço entre conforto e esportividade foi perseguido desde o início do projeto, feito conjuntamente por engenheiros franceses, brasileiros, chineses (onde o modelo já está à venda) e argentinos (onde ele também já está em produção). Corolla e Civic foram citados porque eles nortearam o nascimento do 408. A Peugeot até comprou os modelos para estudá-los a fundo. O resultado é que o sedã francês é uma espécie de meio-termo entre os dois: do Civic, traz algumas pitadas de agressividade. Do sedã da Toyota, herdou o conforto.

Em termos de suspensão, a receita é basicamente a do 307 (McPherson na frente, travessa deformável atrás), embora a bitola seja maior. O entre-eixos cresceu 10 cm (foi para 2,71 m). Além disso, ele é 21 cm mais comprido (4,69 m) e 5 cm mais largo (1,81 m) que o antigo sedã. Isso garante conforto para cinco pessoas. Nessa versão, o ar-condicionado digital tem regulagens independentes e saídas para o banco de trás.

pesar das grandes dimensões e dos 1.527 kg, o 408 Griffe mostrou boa aceleração. No teste, fez 0 a 100 km/h em 12,1 segundos. O motor é o mais potente da categoria, mas o câmbio de quatro marchas segura um pouco o ímpeto do carro, porque a rotação cai muito nas trocas. Para não deixar o ânimo esmorecer, é preciso manter a tecla “S” (esporte) do câmbio acionada. Aí o 408 fica mais esperto, mas ao custo de aumento do consumo. Em menos de 300 km, praticamente secamos os 60 litros de gasolina do tanque.

Falando em consumo, o computador de bordo não é “parceiro”: quando a autonomia baixa de 100 km, ele lava as mãos e deixa de informar quanto ainda dá para rodar. O Polo que tenho lá em casa (muito mais barato) não me abandona nas horas tristes, e vai informando até zerar a autonomia. A caixa do câmbio automático (AT8) é basicamente a mesmo do 307, mas com alterações no software, pressão hidráulica, conversor de torque, etc. O resultado é que as passagens de marcha estão mais suaves (no 307, a gente convive com os trancos).
Já que o objetivo era equiparar o 408 aos concorrentes, poderiam ter adotado o câmbio automático de cinco marchas, como o Civic. Questionado sobre isso, o pessoal da Peugeot foi rápido na defesa: “O líder (Corolla) tem quatro marchas.” É verdade, mas perderam a chance de ir além.

O porta-malas não é tão alto, mas a capacidade de carga é boa. A Peugeot declara 526 litros. Há, porém, um senão: a boca do compartimento é muito pequena. A marca francesa espera vender cerca de 1.500 unidades por mês do 408, mesma estimativa da conterrânea Renault para o Fluence. Isso não irá tirar a liderança do Corolla (média de 4.585 carros no ano passado), nem a vice-liderança do Civic (2.600). Mas é um bom recomeço.


Viagem a convite da Peugeot

AIRBAG: DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS AIRBAG: DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS


Pelas contas da Peugeot, o 408 tem oito airbags (a partir da versão Feline): são dois frontais, dois laterais e dois de cortina. A soma dá seis, mas a montadora conta em dobro as bolsas de cortina, por protegerem tanto os ocupantes da frente como os do banco traseiro. A primeira a utilizar esse argumento foi a Hyundai, com o i30. As demais montadoras continuam a considerar o airbag de cortina como peça única, o que faz mais sentido, já que o inflamento da peça não é individual (só na frente ou só atrás). É o caso do New Fiesta, que opcionalmente oferece sete airbags (além dos citados, também vem com proteção para os joelhos do motorista). Aplicando-se o critério da Peugeot e da Hyundai, o modelo da Ford teria nove bolsas. São dois pesos e duas medidas.


Fonte: Revista Auto Esporte
Por: Hairton Ponciano Voz // Fotos Fabio Aro, de Bariloche

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