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terça-feira, 22 de abril de 2014

Grandes Brasileiros//Ford Escort XR3


A segunda geração ganhou espaço e injeção eletrônica, mas brilhou pouco tempo

Terceira pesquisa experimental: até hoje, poucos conhecem o signifcado (em inglês) da sigla XR3, que tornou o Escort um dos maiores ícones esportivos dos anos 80. Carro- chefe da Ford em duros tempos de recessão, o Escort segurou as contas da empresa até 1991, logo após receber uma injeção de ânimo da Autolatina: os potentes motores VW AP de 1,8 litro. O problema é que a concorrência acelerou mais fundo: no mesmo ano o Gol ganhou um motor 2.0 e se tornou o GTi, primeiro nacional com injeção. Em 1991 veio o também injetado Kadett GSi 2.0. Com quase dez anos de mercado, o XR3 ressurgiu de sangue novo no Salão do Automóvel de 1992, em uma nova geração.

Seu objetivo era ambicioso: ser um esportivo melhor e 10% mais barato que o GSi. Igual ao europeu, o XR3 estava mais curto, alto e largo, com um entre-eixos 12 cm maior, melhorando espaço interno e estabilidade em curvas de alta velocidade.

Em nome da aerodinâmica, os faróis de duplo refletor aposentavam os belos faróis auxiliares redondos de longo alcance. E não havia grade: a refrigeração era garantida por uma abertura sob o para-choque. O aerofólio traseiro agora vinha da cor do carro.

No interior, uma semelhança com o Gol GTi: a otimista escala do velocímetro, até 240 km/h. Era o único diferencial de um painel simples. O requinte ficava restrito aos bancos Recaro, ar-condicionado, teto solar manual e toca-fitas FIC com equalizador. As rodas de aro 14 estavam apoiadas em novas suspensões: a traseira recebia o eixo de torção e a dianteira continuava McPherson, mas com braços triangulares, evitando as famosas empinadas do XR3 anterior. Apesar de firme, a suspensão era bem confortável, ainda mais comparado ao Gol GTi. Mas do GTi, o Ford herdava a novidade mais esperada: o 2.0 injetado. O câmbio de relações curtas também era projeto VW, mas importado da Argentina.

Sendo 160 kg mais pesado que o GTi, ficava pouca coisa atrás em aceleração, levando 11,01 segundos no 0 a 100 km/h. Mas seu perfil aerodinâmico fazia dele um estradeiro quase imbatível: com máxima de 186,4 km/h, era o mais veloz dos esportivos nacionais, perdendo só para o Omega CD 3.0. Mas o acerto de suspensão cobrava seu preço, pois o carro balançava acima de 120 km/h. Os freios eram a disco nas quatro rodas, mas travavam com facilidade.

A suspensão também mereceu críticas na edição de fevereiro de 1993, quando o XR3 foi levado a Interlagos para um pega com Gol GTi e Kadett GSi: ele teria tudo para marcar a melhor volta, mas ficou em último graças à fxação defciente da barra estabilizadora. O problema acabou motivando um recall.

O XR3 das fotos é um 1993/1994, do engenheiro Mário Trichês Júnior, mas com a injeção analógica Bosch LE-Jetronic, substituída pela FIC-Ford digital em 1994. O Escort resistiu bem até este ano, quando precisou enfrentar o Uno Turbo. No ano seguinte seu prestígio foi abalado por Gol GTI 16V e Corsa GSi, nacionais com diversos itens importados.

Defasado, empobrecido em equipamentos e com o fm da Autolatina, o XR3 desapareceu em 1996 e não deixou sucessores dignos: o Escort RS, importado da Argentina, já não estava entre os sonhos de ninguém.

Aceleração 0 a 100 km/h 11,01 s
Velocidade máxima 186,4 km/h
Frenagem 80 km/h a 0 30,5 m
Consumo 10,58 km/l (médio)

PREÇO

JANEIRO DE 1993

Cr$ 371 000 000

ATUALIZADO

R$ 130 000 (IPC-A, IBGE)


Por Felipe Bitu | Fotos Marco de Bari | 
Quatro Rodas

VW Super Fuscão 1600 S

Preparado nas oficinas, o motor 1600 fez tanto sucesso nas ruas e pistas que acabou sendo oferecido pela VW

Simples e acessível, o Fusca caiu nas graças dos brasileiros logo após o início da produção nacional, em 1959. Seu sucesso promoveu uma indústria de acessórios dedicada aos proprietários que não se contentavam com o visual espartano e com o desempenho modesto do pequeno motor boxer de 1,2 litro e parcos 36 cv. Em busca de mais fôlego, a VW aumentou a cilindrada para 1,3 litro em 1967 (Tigre) e 1,5 em 1970 (Fuscão). Mas era pouco: pilotos como Wilson Fittipaldi preferiam importar kits que a elevavam para 1,6. Outra melhoria comum era a dupla carburação, que proporcionava melhor desempenho e menor consumo.


Valente, o Fusca 1600 dominava ruas e autódromos, encarando até os temidos Chevrolet Opala. Bem-sucedido, motivou o presidente da VW, Wolfgang Sauer, a anunciar uma categoria de monopostos com esse motor em 1973, a SuperVê. Nos bastidores, a engenharia da VW já trabalhava numa versão oficial deste veneno. Batizado de Super Fuscão 1600 S, foi lançado em 1974: a campanha publicitária repleta de gírias buscava identidade com o público jovem, chamando-o de Bizorrão. Por fora, as novidades eram a tomada de ar preta sobre o capô traseiro e as largas rodas com aro de 14 polegadas, similares às da Brasília.

O interior oferecia um requinte incomum: forração interna com carpete e, para alegria dos jovens casais, bancos reclináveis. O volante cálice de três raios da Walrod trabalhava em harmonia com a alavanca encurtada do tradicional câmbio preciso. O 1.6 boxer de 65 cv vinha da Brasília, mas com 5 cv a mais graças à dupla carburação. Para monitorá-lo, instrumentação completa: conta-giros, relógio, amperímetro e termômetro de óleo, indispensável em motores a ar de alta performance.

O rádio era opcional, mas não fazia falta: o bom era curtir o ronco do escapamento esportivo de saída única, voltada para a esquerda. A escala final do velocímetro marcava pretensiosos 160 km/h - na melhor das hipóteses, ele não passaria dos 136 km/h. Mas era o bastante para acompanhar o tráfego: indo de 0 a 100 km/h em 16,5 segundos, era mais rápido que os esportivos SP-2 e Karmann-Ghia TC. De fato, este Fusca não levava desaforo para casa: superava Chevrolet Chevette, Dodge 1800, Ford Corcel e seguia no encalço da nova estrela da VW: o Passat.

Os pneus diagonais 175 S14 deixavam a desejar, mas ainda assim sua tocada era rápida e arisca: as rodas mais largas aumentavam as bitolas e a barra compensadora atenuava as saídas de traseira, dando muito prazer a motoristas habilidosos. Os freios dianteiros a disco eram de série. O carro das fotos pertence ao colecionador Cesar Cardoso, que possui mais dois exemplares: "Tenho esse Amarelo Imperial, um Vermelho Rubi e outro Branco Lotus". Como tudo que é bom dura pouco, ele saiu de cena no primeiro semestre de 1975, dando lugar ao Fuscão 1600. Sucesso de público e crítica, essa versão seguiu firme e forte até o fim da produção em 1986.

Aceleração 0 a 100 km/h 16,5 s

Velocidade máxima 136 km/h
Retomada 40 a 100 km/h 25,7 segundos
Frenagem 80 a 0 km/h 28,8 m

Consumo médio 10,2 km/l (cidade), 11,9 km/l (a 80 km/h)







PREÇO

Dezembro de 1974

Cr$ 27 154

Atualizado

R$ 53 500
(IGP-DI, FGV)



Por Felipe Bitu | Fotos Marco de Bari | 25/02/2014

Quatro Rodas